Sociedade Civil apresenta proposta para preservar o sauim-de-coleira

920

A Campanha Salve o Sauim entregou nesta terça-feira (21) um ofício, acompanhado de abaixo-assinados e moções  de apoio de importantes instituições de ensino e pesquisa do país, ao secretário estadual de Meio Ambiente, Marcelo Dutra, solicitando a criação de uma Unidade de Conservação com pelo menos 10 mil hectares (100 quilômetros quadrados) para proteger o sauim-de-coleira, espécie criticamente em perigo de extinção, conforme a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da Fauna Brasileira, e que só é encontrada na natureza na região de Manaus.

As tratativas com o secretário para que essa unidade de conservação seja criada começaram no dia 2 de outubro, antes mesmo da posse de Marcelo Dutra, em uma reunião mediada pelo ator Vitor Fazano. A iniciativa recebeu uma moção de apoio do presidente da Comissāo de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Caama/Aleam), deputado Luiz Castro, pedindo atenção do secretário ao tema.

O documento da Campanha Salve o Sauim é assinado por representantes do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (SZB), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), integrantes do Plano de Ação Nacional para a Conservação do Sauim-de-Coleira (PAN Sauim), Ministério Público Federal (MPF), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AM), e da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Amazonas (CAAMA/ALEAM).

Entre os documentos a serem entregues, está também uma petição com mais de 6 mil assinaturas de educadores, artistas, ambientalistas e representantes de organizações conservacionistas, além de um abaixo-assinado dos principais primatólogos brasileiros e estrangeiros que solicitam ao Governo do Estado do Amazonas a criação de uma Unidade de Conservação para o sauim-de-coleira.

O coordenador da campanha e autor da petição, o biólogo Maurício Noronha, explica que segundo os estudos técnicos já realizados por pesquisadores, é preciso conservar ao menos oito populações viáveis do sauim-de-coleira, cada uma com 500 indivíduos, para garantir o futuro da espécie. Já existem identificadas as últimas áreas florestais, com potencial para servirem como unidade de conservação para a espécie”, afirma.

O sauim-de-coleira vive em uma área restrita de 750 mil hectares (7.500 quilômetros quadrados) da Amazônia, nos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara. É uma região sob forte pressão de desmatamento, provocada pela agropecuária e urbanização, que vêm reduzido drasticamente a área de vida desses pequenos macacos. Segundo dados de especialistas, mais de 44% do hábitat de espécie encontra-se desmatado ou severamente fragmentado. “Se esse modelo de degradação e destruição da floresta continuar, existe um alto risco de que esta espécie seja extinta em breve, caso seu habitat não seja protegido”, alerta a Campanha Salve o Sauim.

A campanha destaca ainda que atualmente o sauim-de-coleira está insuficiente protegido pelas Unidades de Conservação existentes. Das 24 áreas protegidas onde ele é encontrado, apenas cinco possuem mais de 10 mil hectares, tamanho para manter populações viáveis, ainda assim, são áreas que vêm sofrendo processos de degradação. As outras áreas protegidas são pequenas e fragmentadas, insuficientes para garantir a existência da espécie a longo prazo.

Além de proteger uma espécie exclusiva da Região Metropolitana de Manaus, que não é encontrada em nenhum outro lugar, a unidade de conservação trará outras vantagens. Ela ajudará, por exemplo, para proteger diversas outras espécies encontradas na região. A área protegida terá importante impacto na qualidade de vida da população da Região Metropolitana de Manaus, pois vai contribuir também para a manutenção de serviços ambientais, como proteção de mananciais, regulação do clima, retenção de carbono e purificação do ar, em uma região que vem sofrendo uma rápida degradação ambiental.